sábado, 31 de agosto de 2019

Velociraptor, o ladrão veloz


 Velociraptor é um gênero de dinossauro terópode carnívoro que viveu no final do Cretáceo, na Ásia. É um dos dinossauros mais famosos e grande parte dessa fama se deve a sua importante participação na franquia Jurassic Park. Ele também é bem conhecido pelos paleontólogos, com mais de uma dúzia de esqueletos fosseis descritos, mais que qualquer outro dinossauro dromaeosaurídeo.


-Nome Comum: Velocirraptor, mas também é chamado apenas de Raptor, termo também usado para referir-se as aves-de-rapina.

-GêneroVelociraptor.

-Nome científico: duas espécies: Velociraptor mongoliensis (pronuncia: ve-lo-ci-rap-tor mon-go-li-ensis), Velociraptor oslmoskae (pronuncia: osl-mos-ke).

-Significado do nome: Velociraptor: Ladrão veloz; mongoliensis: da Mongólia; oslmoskae: de  Osmólska, um paleontólogo polonês.


Localização e paleoecologia

Local onde o Velociraptor viveu marcados em laranja, Mongólia e China.

 Viveu na região onde hoje é a Ásia central, mais especificamente na Mongólia e na China (acima em laranja). Viveu durante o Cretáceo tardio, de 75 a 71 milhões de anos atrás, durante o Campaniano (entre 83,6 e 72,1 milhões de anos), que na época o planeta era como na imagem abaixo:

Mapa do planeta na época do Velociraptor.

 A região onde o Velociraptor viveu era provavelmente um ambiente árido, talvez até desértico, com dunas e algumas regiões de oásis.


Nomenclatura


 O nome do gênero era Velociraptor, que significa: “ladrão veloz", e vem do latim Velox junto com raptor, isso por conta de seu esqueleto, que tinha anatomia de um animal leve, com corpo ágil e rápido. Existem duas espécies conhecidas de Velociraptor, o V. mongoliensis, que seu epíteto específico se dá por conta do lugar onde foi descoberto, na região da Mongólia, no deserto de Gobi. Também há a espécie V. osmolskae, isso em homenagem ao paleontólogo polonês Halszka Osmólska. O V. mongoliensis é o mais comumente retratado, porque se trata do espécie-tipo.

 Muitos dizem que não sabem a forma correta de escrever, se é Velociraptor ou Velocirraptor. As duas formas estão corretas, mas a forma mais usada é Velociraptor, pois é assim que se escreve seu nome cientifico. 

 Como curiosidade, no inicio de 1924 Henry Fairfield Osborn, ou apenas Osborn, tinha mencionado esse novo dinossauro em um artigo de imprensa popular, utilizando o nome Ovoraptor djadochtari, mas, por não ter sido publicado numa revista cientifica nem em um acompanhamento de uma descrição formal, esse nome foi considerado como nomen nudum (nome nu), e o nome Velociraptor se manteve em prioridade.

Descoberta

Desenho dos primeiros fosseis de Velociraptor descobertos na Mongólia.

 Durante uma expedição ao deserto de Gobi na Mongólia, organizada pelo Museu Americano de História Natural, em 11 de agosto de 1923, Peter Kaisen recuperou o primeiro fóssil de Velociraptor conhecido pela ciência, os quais foram um crânio completo, mas que estava esmagado, e uma de suas garras do segundo dedo das patas traseiras (pernas). O holótipo foi nomeado de AMNH 6515. Durante a guerra fria, as equipes norte-americanas foram expulsas da Mongólia comunista, entretanto, as expedições de cientistas soviéticos e poloneses juntamente com colegas da Mongólia, foram recuperando mais alguns exemplares de Velociraptor, sendo responsáveis pela descoberta de um dos mais impressionantes fosseis de dinossauros. Esse fóssil apresentava algo muito interessante, um Velociraptor e um Protoceratops, um ceratopsídeo pequeno, lutando entre si (GIN 100/25). Esse fóssil foi descoberto pela equipe mongol-polonesa em 1971. Em 2000, e foi emprestado para o Museu Americano de Historia Natural, que fica em New York, para uma exposição temporária.

Fóssil da famosa batalha entre um Velociraptor e um Protoceratops.
Replica da batalha, onde podemos ver mais claramente esse famoso confronto
 entre predador e presa.

  Numa expedição sino-belga, em 1999, foram encontrados um maxilar, o qual é o principal osso de suporte da mandíbula superior, alguns dentes e um lacrimal, que forma a margem anterior da cavidade ocular, que pertenciam a um Velociraptor. Entretanto, não pertencia a espécie-tipo, Velociraptor mongoliensis, mas sim uma nova espécie que Pascal Godefroit e seus colegas nomearam como Velociraptor osmolskae, em 2008.

fragmento do cranio de um Velociraptor osmolskae.

Taxonomia

Cladograma dos terópodes.

 As espécies Velociraptor mongoliensis e V. osmolskae pertencem ao gênero Velociraptor, da subfamília velociraptorinae que está dentro da família dromaeosaurídae, que está inserido na subordem dos terópodes na ordem saurischia, dentro de um grupo maior, Dinosauria, o clado, ou ramo, dentro de archosauria, dentro de Reptilia, do filo Chordata, do reino Animalia. O Velociraptor é um dinossauro que tem parentesco genético muito próximo das aves. É um coelurossauro maniraptor, o grupo de dinossauros mais próximo às aves.

Cladograma dos archossauros.

Anatomia

Velociraptor comparado com um humano de 1,8 m de altura.

 
Ele era um dinossauro de pequeno porte, podendo chegar a aproximadamente 1,8 m de comprimento, da ponta do focinho a ponta da cauda, de 0,5 a 0,9 m de altura, do chão ao quadril, e pesando em torno aos 15 Kg. Seu crânio, com cerca de 25 cm de comprimento, era provido de mandíbulas que tinham entre 26 e 28 dentes amplamente espaçados em cada lado, sendo também fortemente serrilhados. Seu crânio também era curvo, côncavo sobre a superfície superior e convexo na parte inferior. Algumas estimativas indicam que o Velociraptor podia chegar a uma velocidade entre 30 e 50 Km/h, Sendo mais lento que muitos animais atuais, como o Cavalo (do gênero Equus) ou o Guepardo ou Chita, Cheetah, em inglês (Acynonyx jubatus). Alguns estudos indicam que o Raptor não podia correr a velocidades muito altas, pois suas penas atrapalhavam.

Esqueleto de Velociraptor.

 O Velociraptor tinha também mãos grandes com três dedos com garras curvas, como nas aves de rapina (ou também chamados curiosamente de raptores). O segundo dedo era proporcionalmente o mais longo e o primeiro era mais curto. Algo incorreto que muitos que ilustram esse animal, e os outros dinossauros, fazem é que eles desenham esses animais com as mãos viradas para baixo, algo que ele não podia fazer. Isso é por conta da estrutura do carpo (região do pulso) com ossos, que impediu a pronação do punho e forçou as mãos, por ter uma superfície palmar virada para dentro (medial), em vez de para baixo.

Cranio de Velociraptor.

 Os pés do Velociraptor são interessantes, pois assim como ocorre também nos outros teropodes seu primeiro dedo era pequeno e provavelmente era de pouco, ou nenhum, uso para o animal, e por conta disso foi atrofiado. Diferentemente da maioria dos terópodes, onde os três dedos entram em contato com o solo, o Velociraptor apenas se apoiava com dois, pois o segundo dedo ficava erguido e, para evitar danifica-lo, não encostava no solo. Nesse dedo hipertrofiado tinha uma garra de mais de 15 cm em forma de foice, era uma das principais características dos dromaeosaurídeos e seus primos os troodontídeos, além de outros terópodes. Essa garra possuía era coberta por queratina. Ela era muito provavelmente uma arma letal desse predador que a usava para matar suas presas.

Pé de Velociraptor.

 Assim como ocorre nos outros dromaeosaurídeos, a cauda do Velociraptor tinha projeções ósseas longas, chamadas cientificamente de prezygapophyses, sobre a superfície superior das vértebras, assim também tendões ossificados embaixo.


Ilustração de uma vértebra com o prezygapophyses,
 o qual esta marcado em vermelho.

 Essas projeções ósseas começam desde a décima vértebra da cauda e a vértebra frontal alargada para 10 vértebras adicionais, dependendo da posição na cauda. Foram pensados para endurecer completamente a cauda, forçando a cauda a atuar como uma haste. Mas um espécime preservado com a cauda intacta tinha as vértebras encurvadas em uma forma de S, assim sugerindo que houvesse muito mais flexibilidade na horizontal do que se pensava.

 Em 2007, paleontólogos anunciaram a descoberta de "botões" de penas em um Velociraptor mongoliensis em um antebraço bem preservado na Mongólia, confirmando assim a presença de penas na espécie. Entretanto, essas penas provavelmente não eram de voo, mas podem ter sido ornamentais ou serviam para ajudar no equilíbrio ao estar encima da presa.

Braço de Dakotaraptor, um parente maior do Velociraptor.
Curiosidades adicionais

 Por possuir um cérebro relativamente grande em comparação a seu corpo e a outros dinossauros. Pode se dizer que tinha uma inteligência relativamente alta, para um dinossauro, e também alguns creem que poderia talvez caçar em grupos, mas há várias evidências que mostram o contrário, sendo mais solitário.

 Na franquia Jurassic Park, tanto nos livros quanto nos filmes, esse é representado de forma distinta de como ele realmente era, por exemplo: era maior, sem penas, o crânio é mais alto e achatado, entre algumas outras diferenças anatômicas, como a inteligencia e velocidade exageradas, onde dizem que podia ter um intelecto similar ou superior ao dos primatas e cetáceos (família dos golfinhos e baleias), tanto que no ultimo filme diz que é o segundo ser vivo mais inteligente vivo, e diz que chega a uma velocidade similar a do guepardo, ou Cheetah (Acinonyx jubatus), tendo de 90 a 100 Km/h. O Velociraptor do Jurassic Park é na verdade outro dromaeosaurídeo, o Deinonychus, um parente um pouco maior e norte americano do Velociraptor. A imagem, a qual está escalada, abaixo retratando as diferenças na anatomia de um Velociraptor do Jurassic Park (à esquerda) e o da vida real (à direita):



 Algo curioso é que algumas aves atuais apresentam em suas patas garras em seu dedos que se parecem muito as do Velociraptor. Mas claro que não quer dizer que a usavam da mesma forma, apenas é um fato curioso que eu achei interessante colocar. Abaixo deixo algumas imagens:


Pé de Velociraptor mongoliensis.
Pé de um Casuar (Casuarius casuarius) ave Casuariidae australiana.
Pé de uma Seriema (Cariamidae cristata), ave Cariamidae sul-americana, aliás ela é bem comum no cerrado brasileiro.

 Varias das informações e imagens foram baseadas em outros documentários e sites.

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